segunda-feira, 19 de abril de 2010

Criative – Chuva, silêncio e abraço


Quando ele entrou no quarto, fechou a porta e os olhos procuravam por ela. O silêncio era quebrado pelo som da chuva, que caia com uma leveza única, e em pingos curtos entrava pela janela.
Ela estava lá, com as luzes da noturna cidade entregando sua silhueta. A distância entre os corpos foi transformando-se em proximidade. O abraço selou o contato. Os corpos quentes, desnudos, ignoravam o frio, a hora, o mundo. As palavras não eram necessárias, o silêncio concentrado tanto falava. Até que os olhares se encontraram, as mãos dele caminhando pelo rosto dela, as mãos dela percorriam as costas dele. Quase no mesmo instante, as palavras apareceram simultaneamente.


”O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.”

Carlos Drummond de Andrade

(Rodolfo Ricardo - Conto à Vida)

0 contando algo: