segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Criative – Escritos 01

Esse mundo.
Sem mais, sem menos. Só nós dois.
O que meus olhos vêem, minhas mãos sentem.
A minha mente não relembra passado, não projeta futuro...
Só fica ali, estática e vidrada naquelas sensações.

“O silêncio fala mais do que palavras...”

(Rodolfo Ricardo – Conto a Vida)

Criative – Escritos 02


Quando o silêncio é quebrado,
quando a primeira palavra é jogada ao ar,
o suspiro, o abrir dos olhos,
levantam as portas de um novo lugar naquele mundo.
As sensações agora são as mais inocentes.
Cada olhar bobo chama uma nova expressão,
cada expressão chama um sorriso e
todo sorriso termina ali,
no encontrar mais singelo dos lábios:
o beijo.

.
.
(o teu beijo)

(Rodolfo Ricardo – Conto a Vida)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Criative – A aula

 

Que situação
O relógio tem um minuto longo
Sem paciência, tenho vontade de dormir
A voz dela é trêmula e o sorriso despertante
Não consigo me concentrar
Nem a chuva caindo
do outro lado da janela, faz ser melhor
Cinco minutos ou seriam cinco dias?
Estou caindo, a voz ainda é despertante
Passaram-se quarenta e cinco minutos
interminantemente longos
E o grito,
antes ríspido em minha traquéia
flui com uma pressa para o exterior
E para quem pôde ouvir, saiu:
QUE AULA CHATA DO CAR*LHO!

(Rodolfo Ricardo – Conto a Vida)

sábado, 7 de novembro de 2009

Cordel – Filho bom, mãe ruim. Filho ruim, mãe pior ainda!

Minha mãe me disse
que eu não era pra nascer
fui um erro tão do grande
"mais maior" que um elefante
gordo, feio e do nariz grande
e que desse mundo não era pra ser

Mas eu nasci
fui crescendo sem ter medo
eu que era o pesadelo
daquela que veio a me parir

Uma certa vez
eu já tinha uns sete anos
subi em um pé de jambo
somente só pra traquinar
a véia viu
e nem ficou se lamentando
pegou logo seu tamanco
jogou bem no meu tutano
e riu ao me estabacar

saí correndo
chorando mais que cuíca
e ela já se mijava
de tanto que gargalhava
da minha dor tão doída

no outro dia
eu nem pestanejei
fervi uma chaleira d'água
mirei bem na desgraçada
e então nela eu joguei

A gritaria
foi tão grande que deu susto
a cara dela 'tava' no bucho
e derretia a pingar

A infeliz me acertou na correria
meti o quengo na pia
e como eu não sou gia
bati as botas naquele lugar

acordei, numa quentura da misera
olhei pro lado, só via vela
fogarel e nada de mar
uma gritaria me assobrava bem de perto
eu pensei "isso é o inferno"
e segui a caminhar

Lá tinha uma fila
o primeiro era Caim
e quando eu chego no fim
minha véia ‘tava’ lá!

(Rodolfo Ricardo – Conto a Vida)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Criative – O Abraço Dela


Era um ano pra lá dos dois mil e cinqüenta
E um senhor contava histórias para uma dupla de meninos
Eles riam, achando que o senhorzinho estava bêbado
Mas tornaram a prestar atenção quando ele disse:
”Ela dizia que fazia sua casa no meu cangote…”
-E pode? – indagou uma das crianças
-O que é cangote? –
a outra falou
O senhorzinho riu… divagando
lembrou de uns versos 
feitos em um dos encontros com a moça
mas que nem tinham sido escritos
estavam lá, no seu pensamento e dizia assim:

”O sorriso dela é bonito de se ver
gostoso de se ouvir
mas nada se compara ao seu olhar
ah, esse pequeno instante
que antecede aquele beijo
que só ela sabe me dar
no teu abraço me sinto seguro
…………………………………………….
…………………………………………….”

O velhinho acorda daqueles tempos
e nem deu tempo de todo o verso lembrar
ao som bonito de uma música
era um flautista solitário
que ao longe, num carvalho
uma bonita melodia estava a tocar
e recorda um outro verso
porém preferiu, agora pra ela falar.

(Rodolfo Ricardo – Conto a Vida)

domingo, 1 de novembro de 2009

Criative – Ah, o Nordeste!


Falar-lhe-ei um conto
sem vírgula, sem ponto
das belezas e riquezas
do lugar de onde vim
Não é norte, não é sul
não é leste, nem oeste
Da Bahia ao Piauí
eu 'tô' falando é do Nordeste
sem querer me gabar
lugar melhor que esse
é difícil de achar
do forró ao baião de dois
da macaxeira ao acarajé
e aqui mesmo eu finco o pé
e te abraço, oh meu Nordeste.
tenho sotaque que me identifica
tenho bolo de milho, rapadura e canjica
trovadores, minha cultura veste
e rodando pelo mundo
no presente, no passado e no futuro
grito, vivo e me orgulho
Eu te amo, meu Nordeste!

(Rodolfo Ricardo – Conto a Vida)